ANA PAULA LISBOA: Quem é Alice da Cruz?
ALICE DA CRUZ: Nunca me defini para outras pessoas então vai ser um exercício um bocadinho difícil, mas vou tentar. Alice enquanto pessoa é generosa, exigente consigo mesma. Confesso que por vezes desnecessariamente coloco-me muita pressão a todos os níveis, depois me apercebo que eu tenho que ter mais calma comigo mesma.
Sou apaixonada pela vida, gosto de viver bem e gosto de desfrutar ao máximo aquilo que a vida tem a me oferecer. Gosto de música, gosto de sair, gosto de festa, gosto muito de festas! Por vezes eu gosto de ter essa ideia que a minha vida é uma festa, essa diversidade de melodias e harmonias e tons.
Enquanto profissional, sou por vezes um pouco insegura, sou exigente e sou flexível sempre para o aprendizado porque a cada dia deparo-me com desafios diferentes principalmente em termos de relações com as outras pessoas.Eu gosto de pessoas e gosto das histórias das pessoas, com elas eu também consigo aprender bastante e me dá um impulso para continuar.
Então Alice é uma pessoa com muitas boas vibrações.
ANA PAULA LISBOA: Qual o seu filme favorito?
ALICE DA CRUZ: “Matem o mensageiro”, de Michael Cuesta.
APL: Como é que você chegou à Geração 80?
AC: A Tchiloia Lara contactou-me porque precisava de uma assistente administrativa. Na altura eu havia largado um emprego porque eu precisava focar na elaboração da minha tese, que eu não estava a conseguir conciliar, precisava focar e aí liga a Tchiloia (risos). E depois eu fiquei com o meu diálogo interno: “tanta gente a precisar de emprego e eu vou negar o emprego? Vou aproveitar essa oportunidade!”
Na altura eu tinha a intenção de abrir a minha produtora de áudio, eu vi como uma oportunidade de começar do zero e perceber toda a dinâmica de uma empresa, nada é por acaso. E foi aí que começou a minha relação com a Geração 80, em maio de 2016.
APL: Nestes seis anos, para você qual foi a maior mudança da empresa?
AC: Wow, foram várias! Mas para mim a grande mudança foi a questão da exibição de cinema, o Cine Geração. Quando entrei para a empresa eles já tinham esse hábito de semanalmente assistir um filme e depois comentar sobre. E hoje eu vejo que passou de simples sessões para uma gerência, pequenos passos que depois foram se transformando em grandes procedimentos, desafios, adaptações.
Também tivemos mudanças a nível de estrutura, tivemos que mudar de casa duas vezes. E mudança a nível de equipa, ao longo desses seis anos eu acompanhei um entra e sai de pessoas.
APL: Acho que a outra grande mudança e evolução foi a Gerência de Som, com a criação da Cassete Estúdio, você pode contar como foi?
AC: A minha meta era ficar dois anos na Geração e depois sair para abrir a minha própria produtora de áudio. Só que depois essa ideia foi repensada porque eu entendi os desafios de abrir uma empresa do zero, as burocracias com as instituições, o custo com impostos e com a própria estrutura. Então eu preferi repensar essa ideia e ao invés de fazer sozinha, fazer em conjunto. Conversei com a Tchiloia, Jorge e Fradique e chegamos a um acordo de implantar o meu projeto dentro da Geração 80, que é uma estrutura já consolidada. Eu tive de apresentar uma proposta daquilo que eu estava a pensar, tive de fazer várias apresentações até ficar claro o que é que eu queria implementar e o que é que de facto eu queria fazer.
Eu acho que influenciou nas outras mudanças, se calhar o Jorge é que pode dizer isso, mas acho que influenciou no número da equipa, na mudança de espaço pois precisávamos de um espaço maior para construir um estúdio de som. Eu confesso que no início fiquei mesmo muito assustada, pensei em recuar, porque eu não sabia se ia corresponder às expectativas. Não sabia até que ponto essa unidade de negócio poderia ser rentável e não ser um prejuízo para a empresa.
Mas sempre tive o suporte dos três sócios que me impulsionaram e me influenciaram a seguir em frente a continuar e a dar os passos sem antecipar o sofrimento (risos). E hoje a Cassete passou de um projeto para a realidade, estamos aqui!
APL: O que hoje, já como gerente da Cassete, você mais gosta no seu trabalho?
AC: Houve uma fase de adaptação e há uma diferença enorme em ser produtora, gerir clientes e gerir um espaço, são outras preocupações. Meu desafio atual é captar clientes, descobrir como chegar às pessoas, como comunicar os serviços… De todas as coisas que eu faço, o que me dá mais prazer é produzir os conteúdos, ouvir a necessidade do cliente e tornar realidade, fazer parte do processo da ideia até a realidade.
APL: E o que você menos gosta?
AC: Fechar contas! (risos)
APL: Algum último recado que você queira deixar como funcionária do mês?
AC: Primeiro eu gostaria de saber porque eu sou a primeira funcionária do mês?
APL: Por ordem alfabética! (RISOS)
Mentira… é claro que tinha que ser uma mulher, escolhi você para entrevistar entre as outras mulheres da empresa, porque eu acho que você fez essa importante transição de carreira, está aqui há muito tempo e conhece a dinâmica da empresa não só enquanto NIF mas também conhece bem as pessoas. Eu te vejo como alguém que sempre encontra caminhos, então não havia pessoa melhor!
AC: Sinto-me muito honrada.
Bom, quero agradecer aos sócios pela confiança, pelo desafio lançado e dizer que estou pronta e à dispor para continuar até o fim e concretizar as responsabilidades que me foram confiadas. Pra mim é um prazer, eu gosto daquilo que eu faço e sinto-me honrada em fazer parte da Geração 80.